XV
Amy rabiscava seu caderno na parte
de trás, distraída.
Era um protótipo que ela não sabia bem como desenvolver ainda.
Fechou
o caderno tarde demais, ela já vira.
—
Ah, Amy, por Deus! Desenhando engrenagens de novo! Você deveria desenhar
corações alados escrito Amy e Pyro
dentro, e não essas coisas de menino. – ela ralhou em sussurro.
—
Desculpe, Mary, juro que passo para a folha dos corações antes que você veja da
próxima vez. – Amy sussurrou de volta.
—
Aham. Isso se esse Pyro existe mesmo. Você nunca me mostrou, e ele nunca veio
aqui…
—
Você conhece meu pai, eu não posso sair desfilando com ele por aí, maluca.
—
Você disse que ele era de outra cidade e está passando uns dias aqui, certo?
Espero que não vá embora antes que eu o conheça. Ou então te mato.
Amy
riu. Rosemary Greenworth não mata uma mosca com medo de estragar a manicure.
Ainda não sabe como contou sobre Pyro para ela. Não deveria ter falado nada.
Agora era tudo sobre ele. Amy esperava nunca ter a oportunidade de
apresentá-los.
Se
as garotas ali fossem como Liv, aí sim, mas nenhuma delas era.
Nenhuma.
—
Amy, o que é aquilo ali? – Mary apontou para a janela, que dava para a rua.
Estavam no segundo andar do prédio, e viram um clarão se aproximar com
velocidade espantosa.
—
Abaixe.
—
O que?
Amy
derrubou Mary rudemente para o chão, levando a cadeira dela e tudo mais. Um
segundo depois o som de vidro quebrando arranhou seus ouvidos e o prédio
tremeu. Amaranthe se levantou, perguntando à Mary se estava bem.
Ela
não disse nada, apenas a olhou, apavorada, os olhos verdes estáticos. Havia
pequenos cortes nas mãos dela, feitos por cacos de vidro.
—
Vamos sair daqui! – gritou para ser ouvida dentre todos os outros gritos de
garotas.
Não
queria se levantar e vê-las, seja no estado que estivessem. Mas deveria sair
dali, e se Mary conseguia andar, deveria levá-la.
—
Venha! – puxou o braço dela com
força desmedida, e saiu arrastando-a, pulando mesas caídas, e ignorando o
máximo de pessoas possível.
Não
deveria parar para salvar todo mundo, isso era ilógico.
Amy
se amaldiçoava tanto por ser tão lógica.
Mais
um tremor fez as duas se desequilibrarem no corredor, e Mary quase caiu
novamente. Ela é muito fraca ou eu sou
forte demais? Pensou. Ergueu-a novamente e a arrastou escadas abaixo.
A
descida foi íngreme, marcada por tremores de terra e pessoas correndo e gritando.
Por fim chegaram ao térreo, e a destruição estava pior ali.
E
a saída. A saída daquele bloco para a rua estava bloqueada por escombros.
Amy
mordeu o lábio com força, enquanto segurava Mary pelos ombros.
Pense, Amy. Pense,
pense…
Havia
saídas secundárias de emergência, ela as usou uma vez quando fugiu da escola,
alguns anos antes. Forçou a memória para se lembrar, era um armário antigo…
—
Lá. – olhou para a direita e correu ao máximo que podia. Não seria tão rápida
com Mary em choque.
Devia deixá-la ali.
Era
a voz da lógica de novo. Não podia ouvi-la sempre, e não ouviria desta vez.
Virou
o corredor para a saída e arfou, parando.
Em
sua frente estava um autômato, como aquele de Chris. Ela soube dessas coisas com
Archie, e queria muito ajudá-los nas buscas deles, mas sua escola era em
período integral.
E
ali estava. Prateado e com luzes azuladas, esquelético, olhos de vidro. Não era
o mesmo que viu nos jornais.
Havia
algo nas mãos mecânicas. Algo cilíndrico, e metálico também.
Os
olhos de vidro encararam Amy, e ela quis fugir, mas não conseguia.
Algo
a prendia ali, e ela já teve aquela sensação, mas não tão forte e hostil…
sentia sempre que estava perto de Pyro, era uma energia boa, era…
Magia.
Amy
se abaixou quando o autômato ergueu sua mão livre e formou uma esfera de
energia, prestes a lançá-la contra ela e Mary.
O
fim.
●●●
Theo
piscou, e quando abriu os olhos novamente, Lyra não estava lá, e sim uma fumaça
branca.
Olhou
imediatamente para baixo, e viu-a esmurrar a criatura de metal com a mão nua.
Ele voou por vários metros até encontrar um anteparo.
As
conversas começaram mais ou menos aí, e as primeiras foram perguntas sobre como
ela chegou lá embaixo.
Lyra
olhou o punho fechado, que tremia.
Do
que aquela coisa era feita? Suas mãos nunca doeram ao socar qualquer objeto,
inclusive pedras de mais de uma tonelada. Olhou ao redor, ao ouvir outra
explosão na ala leste.
Ela
se virou para a janela da sala e berrou, apontando aquele lado:
—
Pyro!
Era
um maldito ataque, e aquela criatura batia com a descrição que Chris lhe deu
sobre seu autômato.
Parou
de devanear quando ouviu um grito, de Theo, chamando seu nome.
Ela
se virou, e lá estava o autômato, sem um arranhão.
—
Mas que merda… – ela praguejou e correu na direção dele. Modelou a aura mágica
de sua mão, deixando-a espessa e cortante, e rasgou o metal de cima a baixo.
Ainda
assim ele não parou, e Lyra se desviou uma vez antes de decapitá-lo. A cabeça
era presa ao resto do corpo por uma série de fios estranhos, que emitiam luzes
azuladas onde estavam partidos.
Não
eram luzes azuladas comuns.
Era magia. Energia mágica
mantinha aquelas coisas em pé.
Lyra
sentiu uma pontada de medo. Leve, mas perturbadora.
●
—
Cara, você viu o que a Lyra fez? – uma voz atrás de Theo disse. – Pyro?
Theo
olhou pra trás, ele havia desaparecido. Depois seus olhos caíram em Archie.
—
Nessas horas as pessoas mortais sem magia correm. – ele disse baixo.
—
Seu inútil. – Theo respondeu e com algum custo, saiu da janela e deu de cara
com Lílian.
—
Sabe dizer o que está acontecendo?
—
Pyro… está na ala leste e… só. Mais nada.
—
Não sentiu aquela coisa que Lyra parou?
—
Não. – o cenho dela franziu com força.
—
Mais explosões? Algum ataque?
—
Sim, no centro da cidade. E… só.
—
Centro? – Archie surgiu do nada. –
Tem certeza disso, Lílian?
—
Sim, algum problema?
— Amaranthe. – sua voz soou
preocupada.
—
Eu vou falar com Pyro, seria melhor se vocês saíssem do prédio, a explosão ruiu
umas vigas.
—
Certo en-
Lílian
desapareceu.
Theo
olhou a esquerda, e deparou com a face sardenta de Tom Redworn.
Eles
só se olharam por um instante, impassíveis.
— Hey, otários! Essa coisa vai cair e vocês estão aí na
janela! – Tom disse alto o suficiente para que todos ouvissem.
O
tumulto para sair foi grande, e Tom deu um sorriso torto para Theo antes de se
juntar a eles.
●
Amy sentiu
algo a envolver pela cintura, e a puxar com força espantosa.
Mas não doía.
Teve medo
de abrir os olhos e ver que estava no vácuo eterno, ou pior, que estava em
frente ao Deus (ou aos deuses) e sua falta de crença fosse contestada
imediatamente.
— Como
você está, Amy?
Aquela voz.
Ela abriu
os olhos e viu a expressão preocupada de Pyro.
— Bem,
acho. Aquela coisa, Pyro! – apontou para a direção do autômato e arfou quando
reparou que estava na rua e não no prédio.
— Sei. Volto
depois, fique aqui. Sellphir.
Ele virou
uma fumaça cinzenta, e Amy olhou ao redor. Muitas pessoas corriam sem rumo, outras
gritavam, feridos por todo lado. Deparou-se com Mary sentada no chão, olhando
para cima. Lágrimas escorriam de seus olhos estáticos.
— Ei, ei…
– Amy se abaixou e a abraçou. – Vai ficar tudo bem… assim espero. E sabe de uma
coisa? Aquele é o Pyro. Aquele é o meu
príncipe.
●
Pyro viu o
autômato observar aquele cilindro. Parecia esperar algum sinal.
Não parou
para pensar. Usando um deslocamento rápido, golpeou-o na cabeça, mas ele só se
mexeu um pouco. Então usou um golpe de energia pura para destruí-lo, e ele se
esquivou perfeitamente.
Pyro
tentou mais duas vezes a longa distância, e vendo que o boneco não cedia, usou
uma abordagem direta, e o atingiu na articulação do braço livre, quebrando-a.
Vendo que
perdeu o único membro que usava para se defender, o autômato correu.
Pyro foi
atrás, ainda segurando o braço quebrado da criatura, e ele abriu um buraco pela
parede. Saiu no pátio interno, e com propulsores nos pés, alçou voo.
Pyro não
conseguiria acompanhá-lo naquela velocidade. Só Carolline Larck, a aprendiza do
vento, poderia fazê-lo.
Olhou
aquele braço de ferro, e usou a Sellphir de novo.
Amy estava
com aquela menina que salvou também. Tentava arrancar palavras dela, sem
sucesso. A garota estava em choque.
— Tudo bem
mesmo, Amy? – Pyro viu arranhões na pele clara dela. Os cabelos louros estavam
emaranhados, mas ela não parecia se importar com isso.
Ela viu um
policial e entregou a garota a ele, e disse algo para ela. Depois voltou, com
olhar determinado.
Não
parecia abalada por nada daquilo, e isso intrigou Pyro.
— Isso é
do autômato? Vai ser muito út-
Ela arfou
quando ele a abraçou com força.
— Lílian
me disse para vir atrás de você, que viu fumava vindo daqui e eu… – ele
engasgou.
— E na
Aurum?
— Está sob
ataque, Deixei as meninas lá para-
— O que? – Amy o soltou. – A Aurum está sob
ataque? Dessas coisas? São quantos?
— Quando
vi eram só três, mas acho que há mais agora, vi alguns pontos se aproximando…
— Pyro.
— O que?
— Por
favor, eu preciso que me leve em casa.
— Claro
que vou te deixar lá. – ele disse com urgência.
— Não! Não me deixar lá, é que eu tenho…
se isso é metal comum, eu acho que posso… – ela mordeu as costas da mão,
pensando muito, forçando uma ruga na testa. – Mas há a magia, se você encantar,
talvez…
— Explique
isso, Amy!
— Eu tenho
umas coisas que podem destruir esses autômatos. – ela o encarou com seriedade.
●
— Lyra!
Ela
revirou os olhos e desintegrou a cabeça do autômato com o golpe de uma mão.
Olhos os lados e viu que era o último, por enquanto.
Desapareceu,
e surgiu ao lado de Theo.
— Suma daqui idiota! – ela berrou sem se
controlar. Depois viu Archie e até Liv ali também e teve vontade de espancar todos
eles. – Você também Archie! Lavender!
O que estão fazendo aqui ainda? Desapareçam! Não posso destruir essas coisas
com vocês para proteger!
Theo não
se moveu.
— Eu disse
isso. – Archie tentou argumentar. – mas ele não escuta!
Lyra olhou
todos os lados.
— Lílian, Lílian… onde está Pyro?
— Foi
atrás da minha irmã, acho.
— Merda.
Encontrem um lugar para se esconder, eu preciso ajudar Lílian. Agora! Não quero ver as fuças de vocês
dois até isso tudo acabar, ouviram?
O silêncio
de Theo estava incomodando ela.
Ele a
abraçou, e por um instante ela relaxou.
— Não, agora não. – ela sussurrou – vá, por favor, sobreviva.
— Você
também.
Ele tocou
seus lábios nos dela por um instante e deu alguns passos pra trás. Depois se
virou e correu.
Quando Theo
saiu de seu campo de visão, ela tirou o colete preto do uniforme e usou a
Sellphir.
Apareceu
dentro de um prédio, onde tremores eram constantes.
Uma rajada
de luz passou zunindo por seu ouvido e Lyra viu um autômato cair no chão.
Flechas de luz.
Olhou pra
trás e se deslocou para o lado de Lílian, que estava com seu arco de treino.
Armava sem flechas e atirava nos robôs, que caiam inertes e não levantavam.
— Qual a
situação?
— Esse
arco vai quebrar na próxima flecha. Não consigo senti-los na terra direito, mas
eles têm magia. São vinte aqui, mais vinte no outro lado do prédio. Estão
concentrados aqui. – Lílian estava séria e fria.
— Que
prédio é esse?
— Não
tenho ideia. Querem algo, ainda não sei o que é. Vá para o outro lado enquanto
Pyro não volta. – ordenou, precisa.
— Aquele
maldito tem que voltar rápido. – ela resmungou e sumiu.
Lílian
atirou mais uma vez e o arco estilhaçou em sua mão.
— Saudades
do meu arco. – suspirou.
●
Lyra se
desviou e deu um golpe de energia.
Algo que
ela temeu mais cedo estava acontecendo. Ao ver que os autômatos tinham energia
mágica, imaginou como seria enfrentar uma horda deles.
Uma horda
de magos.
Lyra nunca
enfrentou um mago com intenções assassinas. Era certo que já feriu Pyro gravemente,
mas nunca teve intenção de matá-lo. Aliás, depois que foram parar naquele país,
os dois começaram a se dar bem como nunca se deram antes.
Ela mordeu
o lábio ao ver que a desvantagem numérica era evidente. As criaturas não
morriam facilmente com golpes elétricos ou de fogo mais simples, apenas magias elementais
fortes ou energia pura.
E isso
demandava seu preço, o cansaço.
Lyra viu
que eles queriam algo naquele prédio, que ela descobriu ser o de Desenvolvimento
e Pesquisa – era o que dizia numa placa de bronze. Ela bloqueava uma entrada e
Lílian, a outra. Quando eles desistissem, ela procuraria o que era tão útil
para Luce.
Porque,
obviamente, aquelas eram só cópias.
E se as cópias são fortes assim…
Nesse momento de distração, foi atingida no
braço esquerdo, que não quebrou por suas proteções mágicas.
Não podia
se dar o luxo de perder um braço naquela luta. E onde está Pyro? Será que…
O projétil
de energia queimando seu cabelo a tirou do pensamento.
— Não toquem no meu cabelo, seus malditos! – berrou para os vinte autômatos gêmeos à sua
frente, que só avançaram.
Estranho. Eles eram vinte há dez minutos, e ela derrubara muitos deles.
Não paravam de vir.
Lyra então
reuniu uma quantidade maior de energia e lançou no meio deles. Alguns
desviaram, mas a maioria foi pulverizada instantaneamente. Ofegou um pouco
depois disso, mas se recompôs e parou um chute direcionado à sua cabeça. Seu
braço tremeu e ela trancou os dentes.
Luta
corporal não seria bom, não contra um sujeito de aço.
Ainda
assim o autômato continuou a lhe aplicar golpes variados, e Lyra escapou de
todos eles. Logo depois usou uma das mãos encantadas para rasgar a pele de
metal e arrancar os fios de dentro.
O autômato
caiu, e ela viu a tolice que cometeu.
Aquilo era
uma distração. Os outros entravam enquanto ela destruía aquele.
— Voltem,
malditos! – correu na direção deles, e eles pararam.
Uma
fileira de vinte autômatos estava em sua frente, e a cor de seus olhos passou
do branco para vermelho.
E em suas
mãos se formaram esferas de energia.
Lyra
cogitou fugir, e olhou pra trás.
Além de
haver outro prédio que receberia o ataque, atrás de si estava mais uma fileira
de autômatos com olhos vermelhos e esferas de energia.
Estava
cercada.
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TENSO
TENSO
VISH
ALTAS TR3TAS MANO
TENSO
VISH
ALTAS TR3TAS MANO
E os jogos começaram \õ/
Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.
Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.
Lembrando os pdf's tem uma imagem diferente e o primeiro tem a Apresentação :3
até a próxima minha gente.
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