O Orbe de Reidhas, Spin-off #1 | Capítulo XXIII


XXIII 

Lyra olhou com desdém para aquela mulher ruiva. Que maldito cabelo era aquele? Parecia que não via pente há dois séculos. E como ousava falar daquele jeito com ela? E Chris contou a ela sobre magias, ao que parecia.
— O que você disse a ela, Chris? – Lyra o fulminou, dura. Raramente usava aquele tom. Era o ápice da raiva de um Thrower, quando seu timbre se assemelhava ao de um dos patriarcas.

— Tudo. Exceto Varsak.
— Quem é Varsak? – a cientista o olhou.
— Ainda não, Cat.
E por que você falou pra ela, seu idiota?! – Lyra trovejou.
— Ei! Menos. – Theo puxou-a pelo braço.
— Eu não disse que quando voltasse diria a vocês o que Luce quer? Pois então. Ela me contou. E ela quer nos auxiliar. Só que ainda não acredita muito nessas coisas. Apesar de que ela é sensível a magia. – Chris completou.
— Consegue nos sentir, senhorita? – Lílian se aproximou dela.
— Eu… é estranho, consigo sentir algo irradiando de vocês. Mas ainda não acredito que essas coisas existam. – ela ajeitou os olhos.
— Pois existem. – Lyra ainda estava inflamada de raiva, e estalou os dedos das duas mãos.
Uma descarga elétrica passou por elas, iluminando seu rosto em tons azuis e brancos.
Cat deixou o queixo cair. Não havia nenhuma fonte de eletricidade ali perto. E não havia como um corpo suportar aquela descarga sem se queimar, sem morrer eletrocutado.
Era irreal. Seria mesmo possível? Então era tudo mesmo verdade? Todas aquelas histórias fantásticas que lia quando criança?
A garota chamada Lyra parou sua demonstração.
— Isso é tão… tão ilógico. – foi tudo o que Cat conseguiu dizer.
— Pode ir falando sobre Luce. Onde está e o que procura. E pra que serve o que ele procura. E rápido. – Lyra disse, arrogante.
— Calma lá, menina. Quem você pensa que é pra falar assim comigo?
— Não, quem você pensa que é pra falar assim comigo? – ela rebateu.
— Ai, deuses. Theo, leve Lyra pra bem longe e cale a boca dela, por favor? Ela vai acabar com tudo. – a garota de cabelos brancos disse.
— Ei, como assim? É óbvio que eu tenho que participar da discussão e-
— Você ouviu. – o garoto da boca machucada pegou Lyra pela cintura e a arrastou pra longe.

Theo tinha dificuldade em arrastá-la, Lyra era escorregadia. E dava choques.
— Você está terrível, sabia? A garota quer nos ajudar. – ele segurou os ombros dela, prendendo contra a parede.
— Theo. – ela soou séria. – você não acha que já tem gente inocente demais envolvida nisso?
Sim, ele achava.
— Mas Chris precisava das informações. E a moça ali as tem. – ele a olhou nos olhos, tentando resistir aos seus impulsos.
— E daí? Ele podia só pegar as informações com ela, não precisava trazê-la! Ela é do maldito exército, vocês vão ter problemas se eles souberem que pretendemos destruir Luce! – o tom continuou o mesmo.
Ela tinha razão. As coisas iam piorar, e provavelmente eles seriam encarcerados de verdade.
Theo mordeu o lábio, sem resposta.
— Agora já é tarde. – disse, por fim.
— Não é. Posso alterar a memória dela. – Lyra olhou a mulher. Catherine, não era? Uma ruiva estranha. Como Chris foi gostar logo dela? Melhor, como ela foi gostar logo de Chris?
— Não faça isso. Ela pode ser útil. Além disso… Chris a ama.
— Como tem tanta certeza? Eles se conheceram quando? Ontem?
— Quando ele falou dela pra mim ontem… ficou com a mesma cara de besta que eu faço quando falo de você.
Lyra corou pelo sentido oculto naquela frase.
— Mais calma agora? – ele beijou a testa dela.
— Não. Você viu como ela fala comigo? Como se eu não pudesse matá-la só de encostar um dedo na nuca dela.
— É interessante ver alguém contestando sua autoridade, Lady Lyra Thrower, herdeira do cajado de Raython. – Theo riu, e ela fechou a cara.
— Não gostei do jeito dela.
— Sabe por que?
Ela deu de ombros.
— Porque é igual ao seu jeito. Igualzinho. Arrogante, metida, orgulhosa. Exatamente igual.
— Eu não sou assim!
— Ah, é sim. E eu acho muito legal alguém te tratar desse jeito, sabe? – ele riu.
— Eu não acho tão legal assim. Vai, me solta. Não vou matar mais ninguém.
— Certeza?
— Certeza. Você tem que tirar essa roupa suja. Desculpe o golpe, mas você tinha que ter desviado, Theo…
— Me distraí quando ela entrou, foi culpa minha. – ele soltou os ombros dela e procurou uma camisa limpa.

Lílian terminou de explicar de onde eles vieram e seus poderes, e sanar algumas das dúvidas de Cat. Ela era muito mais educada que Lyra, e mais calma também. Não era possível que as duas fossem parentes. O garoto, Pyro, também era centrado e focado. Só aquela garota tinha problemas de personalidade e educação na família?
— Então aquele cilindro que eu vi um dos clones levar… – Pyro ponderou. – mas se eles invadirem a Aurum de novo, os soldados não serão capazes de pará-los, serão?
— Creio que não. – Chris disse. – Luce evolui muito rápido. Ele já esperou dois dias. Com certeza está planejando algo.
— Eu queria saber o que ele pretende com essa energia. – Lílian disse.
— Acho que a energia do orbe não é ilimitada. – Chris mordeu o lábio. – talvez ele quer essa energia dos cilindros para se fortalecer.
— Mas é muito mais fácil ele explodir tudo do que se fortalecer com aquilo. – Cat disse. – e se ele quer exatamente isso? Um holocausto?
— Por que ele podia querer isso?
A expressão de Chris endureceu, mas ele logo disfarçou.
Talvez soubesse. Porque Luce era seu filho. Sim… conhecia-o. conhecia-o muito bem.
E precisava pará-lo.
Theo se aproximou, com uma camisa limpa e Lyra logo atrás.
— Não vou matar mais ninguém agora, beleza? – ela debochou, quando viu todos olharem pra ela.
— Algum plano? – Theo perguntou.
— Nada ainda. Acho que pelo menos um de nós deveria montar guarda na Aurum. Esperar Luce atacar, e então, não sei, rastreá-lo. Precisamos descobrir onde se esconde. Ou forçá-lo a sair da toca. – Lílian disse.
— Se protegermos muito bem o cilindro, ele terá que vir buscar. – Pyro olhou sua irmã de relance.
Foi sutil, mas Chris reparou que eles escondiam algo. Só os dois. O que era no mínimo estranho, porque até onde sabia, Lyra e Pyro se odiavam.
Manteve a sensação para si.
— O exército está vasculhando a cidade, senhorita? – Lílian olhou Cat.
— Sim. Eles estão procurando. Mas não fui informada sobre progressos.
— Agora que estamos todos no mesmo barco – Lyra tentou soar não tão rude – vocês dois deveriam realmente estudar aquela cópia de Luce.
Chris viu Cat avermelhar. De ódio ou vergonha, não sabia dizer. Esperava ser a segunda coisa.
— Lyra, não vai adiantar muito não. Eu revirei aquele exemplar, e não achei nada que tinha antes, nada que eu conhecia. E não sei como pará-lo, a menos que corte o fluxo mágico que corre nos tubos.
Lyra ponderou.
— Então devemos continuar rasgando eles com as armas de Amy. – Pyro disse.
— Como aquelas facas cortam o aço? – Cat olhou Pyro. – A liga do autômato parece muito resistente.
— É a magia. – ele respondeu. – eu encantei cada arma. Por isso elas não se desgastavam fácil e cortavam como se fosse carne. Você viu as armas? Lembro-me de você no laboratório de Amy.
Então era por isso. Por isso Cat sentia a energia de Pyro nas armas, porque ele as encantara… as coisas faziam sentido agora. Todas elas. E ainda parecia tudo tão surreal, tão incrível…
Lembrou-se daquele arco. De quem era o arco? Lílian? Ou Lyra? Os nomes são parecidos…
— Eu vi sim. Todas estavam lá, menos uma… – Cat saiu do devaneio.
— A Dragonslayer que eu dei pra Tom. – Theo disse.
— Todas mesmo? Um arco também? – Lílian perguntou.
— Sim. É seu, não é? Achei estranho o desgaste dele no apoio de flechas.
— São flechas de luz. Mágicas. Por isso o desgaste. Vamos precisar das armas, ajuda a poupar magia.
— Espere. Se entendi bem, vocês vão esperar Luce fazer seu movimento, e vão atacá-lo? Isso é arriscado, vocês são crianças!
— Não os subestime, Cat. – Chris pôs uma mão no ombro dela. – eles são poderosos demais.
— Nem tanto. – Lílian corou.
— E temos Varsak. Varsak, deuses, Varsak! Se esses caras o acharem nas buscas? – Lyra se desesperou. – Todo esse mundo desaba e eles até esquecem Luce. – pôs as mãos na cabeça.
— Vou vê-lo. Sellphir. – Pyro disse, desaparecendo em fumaça.
Cat soltou uma exclamação de espanto.
— Onde ele foi? O que foi isso? E quem é Varsak? – despejou.
— Isso que ele fez é a prova de que tempo e espaço são uma besteirinha que pode ser burlada facilmente. E Varsak é…
— Depois falamos dele. – Lyra cortou. Olhou para Cat. – Podemos contar com você?
— Podem destruir Luce?
— Sim, podemos. – ela soou confiante, arrogante como sempre.
— Então terão todo meu apoio, toda minha traição ao exército, toda minha exoneração do cargo e toda a minha pena a cumprir.
— Temos um acordo, Catherine. Você vigia o exército e nós destruímos Luce.
— Temos um acordo, Lyra.
Chris quase suspirou de alívio. Era obrigatório que as duas se dessem bem.
— Lílian – Cat a olhou. – Você conhece o Morse de telégrafo?
Ela fez uma expressão confusa.
— Desculpe, mas não… por quê?
— Uma ideia que tive… você controla a terra, certo? Pode sentir a menor vibração. Eu divido o quarto com a tenente Langgard, então se ela for chamada numa emergência, eu poderia usar Morse para me comunicar com você pelas paredes.
— Eu posso interpretar. – Chris disse. – só ensinar a você o básico, Lílian.
Pyro apareceu no mesmo lugar, de súbito.
— Tudo bem com Varsak. Disse a ele sobre o que está acontecendo e ele vai se esconder caso alguém apareça. – disse.
— Parece que estamos prontos então. – Lílian disse, e eles concordaram.

●●●

Cat não ficou lá por muito tempo depois disso. Lyra se distraiu com pensamentos densos demais, e resolveu esclarecer tudo.
Levantou-se do lado de Theo, que a olhou torto.
— Reunião de família, volto já. – ela sorriu e chamou Lílian e Pyro.
Os três foram até um canto da sala.
— O que foi?
— Você está preocupada com aquilo, não é? – Pyro disse.
— Sim. Não sei se fizemos o certo.
— Eiii, eu estou aqui. E vocês dois andam trocando olhares tortos demais desde que foram na Aurum.
— Nós achamos o cilindro, até aí você sabe. – Lyra a olhou. – Só que tem mais coisa.
— Nós trouxemos o cilindro pra cá. – Pyro foi direto ao ponto.
Lílian congelou a face numa expressão indecifrável. Depois piscou.
— Duas palavras. Por quê? – a expressão dela passou a ser séria.
— Porque Luce ia invadir aquilo lá e matar aqueles homens todos. E nós devíamos montar guarda lá, esperá-lo. E ele não teria chances de obter o cilindro, mesmo se nos incapacitasse ou o furtasse ou algo assim. Substituímos por uma cópia mágica. – Lyra argumentou.
— Lyra, você pensou na possibilidade de Luce descobrir que o cilindro é falso e que o verdadeiro está aqui? E se ele vier pra cá? Com todo esse povo aqui? Theo e Amy e toda a família deles? – Lílian queria gritar, mas se controlou.
— Teria que ser perito em magia para saber que é uma cópia. – Pyro tentou ajudar. Estava metido naquilo também. – Não posso deixar Luce pegar o cilindro verdadeiro, e só então nós irmos atrás dele. Isso sim é arriscado. Se ele resolver fazer um holocausto, como a namorada de Chris disse? Não podemos dar a ele essa chance.
— E por que só me contaram agora? Por que não antes? Quando vocês tiveram esse plano?
— Foi lá na hora, e foi meu plano. Lyra concordou. – Pyro a olhou. – Desculpe só falar agora. Eu não queria… preocupar-te.
Lílian suspirou. Pôs os dedos nas têmporas e ponderou.
— Onde está? O verdadeiro?
— Mudei a forma dele para a de um livro. Está na estante ali.
— Como eu não sinto a magia dele, Pyro? – Lílian estava irritada. Lyra odiava vê-la assim. Era difícil irritar ela, e as consequências eram sempre terríveis.
— A magia que usei não deixa rastros. É quase impossível saber que é um disfarce, a menos que um mago toque. – ele respondeu profissionalmente.
— Tudo bem. Se Luce pegar o cilindro falso e levar até onde ele se esconde, podemos rastrear? – ela encarou Pyro.
 — Sim. Com toda certeza do mundo. Consigo sentir o cilindro falso daqui.
Lílian assentiu.
— Vamos rezar para os deuses, Pyro. Rezar muito para que ele não desconfie disso.
Pyro fez menção para dizer algo, mas Lílian ergueu uma mão, impedindo-o de falar.
— Chris! – ela se virou bruscamente, e ele deu um pulo da cadeira perto do professor.
— Traço, ponto, traço… espaço. Ponto… – ela disse uma sequência de traços, pontos e espaços. Chris lhe explicara como o Morse funcionava, e Cat lhe exemplificou como a mensagem seria transmitida.
— Ponto, ponto, ponto, traço, ponto, traço. – ela esperou mais.
— Acabou. – Chris disse.
— E o que quer dizer? – Lyra já tinha uma ideia. Cat não ia socar a parede sem parar para mandar um bilhetinho de amor para Chris.
— O que mais? Que eles estão atacando a Aurum. – ele disse, de cenho franzido.




 não cara, hoje não tem easter egg. again. +1 Desculpem, é que meu tempo tá super corrido :/




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A casa está caindo de novo, e dessa vez é mais legal :v



E os jogos começaram \õ/


Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.




Lembrando os pdf's tem uma imagem diferente e o primeiro tem a Apresentação :3


até a próxima minha gente.

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